18/05/2012

Simone de Beauvoir e Hannah Arendt por: Isabel Capeloa Gil e Mathias Thaler

Simone de Beauvoir por Isabel Capeloa Gil (Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa)
Hannah Arendt por Mathias Thaler (CES)
Moderação: Maria José Canelo
29 de maio de 2012, 21h15, Galeria Santa Clara, Coimbra

Simone de Beauvoir (1908-1986), escritora, filósofa existencialista e feminista francesa, deixou-nos uma vasta obra em que se contam romances, monografias sobre filosofia, política, sociedade, ensaios, biografias e uma autobiografia. Juntamente com o que seria o seu companheiro, Sartre, é um dos mais emblemáticos expoentes do existencialismo francês e da conceção de escrita como empenhamento. Polémica, radical, contraditória, Simone de Beauvoir constituiu um agente de vanguarda, não só abrindo o território para a manifestação de um modo diferente de fazer a história, mas, acima de tudo, como um cinescópio que ilumina o contributo das mulheres para a história da humanidade.

Hannah Arendt (1906-1975) é um dos nomes mais importantes na área da filosofia política no século XX. O contínuo interesse pela sua vida e pelos seus escritos pode ser explicado por duas razões. Por um lado, a biografia de Arendt – a educação alemã, o estatuto de refugiada, a condição de apátrida, a emigração para os EUA - é dolorosamente emblemática da história horrenda do totalitarismo europeu. A vida de Arendt diz-nos muito sobre o que a Europa foi no século XX. Por outro lado, o pensamento de Arendt mantém-se atual e desafiador, sobretudo se o compararmos com o trabalho de alguns de seus contemporâneos. Muitas das suas observações críticas têm relevância para a compreensão do mundo globalizado de hoje. Por exemplo, as suas intervenções como intelectual pública – a controvérsia sobre Adolf Eichmann! - continuam a inspirar os críticos sociais em todo o mundo. Nesta sessão, vamos concentrar-nos num número selecionado de conceitos cruciais que podem ser encontrados na obra de Arendt: julgamento, ação e cidadania.

Isabel Capeloa Gil é Professora Associada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e, desde 2005, Directora da mesma Faculdade. Estudou em Lisboa, Munique e Chicago e tem várias publicações nacionais e internacionais sobre estudos de mulheres, teoria cultural e cultura visual. É investigadora sénior do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura e coordena a Linha de Investigação Cultura e Conflito. Entre os trabalhos mais relevantes contam-se “O Colorido da Diferença: a(s) culturas de expressão alemã hoje” (2005); “Mitografias. Figurações de Antígona, Medeia e Cassandra no Drama de Expressão Alemã do Século XX” (Lisboa 2007); “Fleeting, Floating, Flowing: Water Writing and Modernity” (Würzburg, 2008); “Simone de Beauvoir: Olhares Sobre a Mulher e o Feminino” (com Manuel Cândido Pimentel, Vega, 2010) e “A Cultura Portuguesa no Divã” (com Adriana Martins, 2011). A sua obra mais recente é “Literacia Visual. Estudos sobre a Inquietude das Imagens” (Lisboa, 2011). É desde 2010 Honorary Fellow do IGRS, School of Advanced Study, Universidade de Londres.

Mathias Thaler é investigador do Centro de Estudos Sociais. Estudou em Viena, Toronto, Paris e Berkeley (Califórnia). As suas áreas de especialização são a filosofia intercultural e o domínio da teoria política e justiça internacional. A sua dissertação de doutoramento, que lhe valeria o Prémio de Doutoramento da Academia Austríaca de Ciências em 2003, examina três debates contemporâneos no que respeita à justiça internacional: intervenção humanitária, direitos humanos e cosmopolitismo. A dissertação foi publicada em 2008 com o título “Moralische Politik oder politische Moral?” pela editora alemã Campus. Desde 1999 exerce funções de editor na revista científica “polylog. Zeitschrift für interkulurelles Philosophieren”.