“Harbour of Antuérpia: cruzamentos históricos" / "Quatre mois dagelijks sur Antuérpia + Bélgica", por Carla Filipe.
Sábado, 8 de Novembro, 16h
Galeria
Múrias Centeno
Rua Miguel Bombarda 531 Porto
Esta instalação apresenta dois conjuntos de desenhos e colagens resultantes da sua residência artística na Air Antwerp. Carla Filipe apresenta-nos um retrato da cidade de Antuérpia, projectando uma abordagem de cariz histórico, que encontra na zona portuária da cidade um foco inicial mas cujo alcance se estende muito para lá da sua delimitação geográfica.
Harbour of Antuérpia: cruzamentos históricos
A pesquisa alicerça-se em documentos adquiridos em Antuérpia, coligindo cadernos escolares da década de 60 com temas variados, que vão da história aos estudos de modelismo e moda (sendo também esta uma das imagens representativas da cidade). É com base nesta documentação que a artista concebe uma abordagem cronologicamente dilatada, recuando até aos tempos da nossa expansão marítima, à criação da feitoria portuguesa na Flandres e ao impacto decisivo que esta teve no florescimento de Antuérpia, projectando a cidade como centro da “economia do mundo” no séc. XVI.
O porto de Antuérpia encerra também um pequeno capítulo da história do judaísmo. Muitos dos judeus portugueses (sefardistas), expulsos do território nacional entre 1492 e 1497, fugiram para Antuérpia, vindo a desempenhar um papel significativo no desenvolvimento cultural e económico dos Países Baixos.
Centrando-se numa cidade estrangeira, este estudo acaba por ser para a artista – pelas razões acima evocadas – uma forma de compreender melhor o seu próprio país. Portugal, hoje endividado, outrora grande potência.
Quatre mois dagelijks sur Antuérpia + Bélgica
O título deste grupo de trabalhos é composto por três idiomas: francês, o flamengo (holandês) e o português, língua materna da artista, expressa no nome da cidade e do país. A amálgama linguista presente no título tem como propósito contrariar as “fronteiras” entre o Norte e Sul da Bélgica, divisão que vemos replicar-se numa Europa que, paradoxalmente aos modelos sócio-económicos preconizados, se apresenta cada vez mais demarcada por regionalismos.
O trabalho apresentado compõe-se de colagens e desenhos que partem das observações e vivências da artista durante a sua permanência nesta cidade flamenga. O conjunto de suportes utilizados, que vão dos acetatos, cartões, até aos recortes de revistas que a artista foi reunindo, traduzem plasticamente o diálogo entre materiais adquiridos em lojas, em alfarrabistas ou, simplesmente, encontrados.
Patente | 8 Novembro - 29 Dezembro | 2014
Terça - Domingo | 15h - 20h